terça-feira, 30 de dezembro de 2014

o jogo da sobrevivência dos Neandertais


O "Jogo da sobrevivência dos Neandertais" ("The Neanderthal survival game") é uma animação que recria sob a forma de um jogo de tabuleiro a evolução e história deste grupo de hominíneos na Europa com base no conhecimento actual que temos sobre estes nossos "parentes".

Numa viagem de cerca de 50 mil anos podemos perceber melhor como terão desaparecido os Neandertais e como as populações de Homo sapiens se terão conseguido estabelecer na Europa:




Deixamos uma tradução do texto escrito por Ewen Callaway, e publicado na secção "Notícias" da revista científica Nature, sobre este jogo e as novas descobertas sobre os Neandertais. O artigo original pode ser lido aqui.

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"Neandertais: técnica para o estudo dos ossos reescreve a pré-História"

Melhoramentos da técnica de datação com carbono mostra que os Neandertais desapareceram da Europa muito mais cedo que o que se pensava.


 Os Neandertais e os humanos (Homo sapiens) viveram na Europa durante milhares de anos, concluiu um cronograma baseado em datações de radiocarbono de 40 sítios-chave em toda a Europa. Os resultados, publicados na revista científica Nature, podem ajudar a terminar um impasse centenário sobre o desaparecimento dos Neandertais e a sua relação com os humanos.

Os investigadores usaram 196 datas de radiocarbono de vestígios orgânicos que mostraram que os Neandertais desapareceram da Europa há cerca de 40 mil anos, mas ainda muito tempo antes da chegada dos humanos ao continente. "Humanos e Neandertais foram contemporâneos durante um longo período de tempo em diferentes partes da Europa", diz Tom Higham, um arqueólogo da Universidade de Oxford, Reino Unido, que liderou o estudo. A longa sobreposição forneceu bastante tempo para trocas culturais e miscigenação, acrescenta.

O que aconteceu exactamente há 30-50 mil anos ainda incomoda os arqueólogos porque o período está mesmo no limite da datação precisa com radiocarbono. A técnica baseia-se na medição da perda estável de moléculas de Carbono-14 em restos orgânicos. Mas após 30 mil anos, 98% dos isótopos já se perdeu e novas moléculas de carbono começam a infiltrar-se nos ossos, fazendo com que os restos pareçam mais novos do que realmente são. Isto significa que as datas para o final dos Neandertais e para as primeiras ocupações da Europa pelos humanos têm sido pouco fiáveis, fomentando o debate.

Mas nas últimas décadas, Higham e a sua equipa têm desenvolvido técnicas que fornecem uma leitura mais precisa em ossos com até 55 mil anos (ver Nature 485, 27–29; 2012). Primeiro, usaram um pré-tratamento químico para remover carbono contaminante do colagénio dos ossos, depois mediram as minúsculas quantidades de radiocarbono com um acelerador de partículas.

A técnica já permitiu que os investigadores reescrevessem a pré-história da Europa, caverna a caverna, e mostraram que os primeiros humanos chegaram ao sudoeste da Inglaterra e ao sul da Itália, por exemplo, bem depois de há 40 mil anos. Agora aplicaram a técnica às ocupações dos Neandertais por toda a Europa, que estão associadas a ferramentas líticas conhecidas como artefactos musterienses. Do Mar Negro à costa Atlântica de França, estes artefactos e os restos de Neandertais desaparecem dos sítios Europeus aproximadamente na mesma altura, há cerca de 39-41 mil anos, concluiu a equipa de Higham. A datação desafia os argumentos de que os Neandertais sobreviveram em refúgios no sul da Península Ibérica até tão recentemente como há 28 mil anos.

Os humanos, argumenta a equipa de Higham, estiveram em Itália tão cedo quanto há 45 mil anos, onde desenvolveram uma cultura lítica conhecida como cultura Uluziana. A equipa estimou que os humanos e os Neandertais coexistiram durante cerca de 5400 anos em partes do sul da Europa mas numa menor extensão, ou mesmo não coexistiram, noutras partes do continente. "Estiveram certamente nas mesma áreas”, disse Higham.

A coexistência também suporta a ideia controversa de que alguns artefactos Neandertais, como as cabeças de concha e ferramentas líticas da cultura Chatelperroniana que apareceram em França e Espanha há mais de 40 mil anos, surgiram do contacto com humanos, diz Higham.

Tempo de sobra

“Concordo absolutamente com o Tom,” diz Paul Mellars, um arqueólogo da Universidade de Cambridge, Reino Unido, que há muito defende a ideia de que os Neandertais usaram tecnologia dos humanos. “Houve decerto oportunidades para contactos e interacções milhares de vezes em quase todas, se não todas, as áreas da Europa", diz.

Outros são mais cépticos. Clive Finlayson, director da divisão de herança do Museu de Gibraltar cuja equipa datou os restos de carvão com 28 mil anos dos Neandertais da ponta de Gibraltar, questiona as conclusões abrangentes do cronograma. Dificilmente os arqueólogos irão encontrar a última ocupação Neandertal, argumenta, e os métodos que a equipa de Higham usou para remover contaminações não funciona bem em ossos de sítios mais quentes porque o colagénio não é tão bem preservado como em sítios mais frios. Isto seria o caso no sul da Península Ibérica, onde Finlayson acredita que terão vivido os últimos Neandertais. “Estou bastante preocupado com o facto de, neste caso, estarmos a construir um castelo no ar”, diz.
Entretanto, Higham espera que o cronograma ajude a esclarecer outros mistérios sobre os Neandertais, tais como porque terão morrido e como interagiram com os humanos. O ADN recuperado de vestígios na Europa e oeste da Ásia, por exemplo, mostra que humanos e Neandertais se cruzaram há mais de 50 mil anos, provavelmente quando o ancestral comum de europeus e asiáticos surgiu vindo de África.

Não há ainda evidência de que humanos e Neandertais se cruzaram na Europe, mas milhares de anos de sobreposição torna o sexo mais provável, diz Higham. “Gosto da ideia de que eles não estão realmente extintos mas antes que continuam a viver em nós.”

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

inauguração da exposição "Somos mutantes!"


Inaugurou ontem, no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, a reposição da exposição "Somos mutantes!". A exposição consiste numa pequena colecção de histórias sobre mutações e evolução recente de populações humanas, elaboradas no âmbito de um projecto de promoção da cultura científica financiado pela Ciência Viva - Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.

Para a inauguração contámos com a palestra "Somos todos Neandertais? O que nos dizem as novas evidências fósseis e genéticas.", proferida pela antropóloga Sandra Assis em representação do Grupo de Estudos em Evolução Humana da Universidade de Coimbra (GEEvH), num anfiteatro cheio de alunos do 11º ano de escolaridade.

Esta reposição está inserida no programa "Um dia sobre evolução" e ficará patente ao público até ao dia 1 de Fevereiro de 2015.

http://umlivrosobreevolucao.blogspot.pt/


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Em paralelo, organizaram-se algumas actividades associadas ao tema da exposição:

. 11 de Dezembro de 2014 a 1 de Fevereiro de 2015 | Actividades complementares
Atividades a realizar no final da visita à exposição “Somos mutantes!”
Duração: 20 minutos
Escolas

. 24 de Janeiro de 2014 | Borboletas mutantes

As mutações alteram o código da vida. Vem decifrar esse código e desvendar a razão das diferenças e semelhanças entre seres vivos.
7-10 anos

. 28 de Janeiro de 2014 | A história de um erro

Exibição de um documentário sobre a paramiloidose, seguido de uma conversa informal sobre a doença.
Estudantes do Ensino Básico e Secundário; Estudantes do Mestrado Integrado em Medicina; Estudantes da Licenciatura em Biologia; Estudantes da Licenciatura em Bioquímica; Todo o público